sexta-feira, 30 de novembro de 2007

árvores

Em um desses vilarejos clássicos de interior - com uma rua onde fcam as casas, uma praça ao centro, a igreja num dos finais da ruela, e na outra ponta um arco desejando boas-vindas a quem viesse parar nesse pedaço de terra esquecida - Lá Havia uma casa, nem pequena, nem grande, com uma cruz cobrindo toda a porta principal, a fachada, e toda a parte externa da casa, deterioradas pelo tempo. Que despertava a curiosidade e a criatividade de todos os habitantes da vila. Afinal, sobre essa casa só era sabido que já estava ali antes de aparecerem os primeiros moradores do que viria a ser o vilarejo, e nunca viram alguem morar nela. Os habitantes mais velhos já não davam mais tanta importância para o casebre. No entanto, as crianças sempre iam para perto dela, e ficavam contando histórias e mais histórias, que eram passadas de boca-à-boca no lugar. Cada vez om mais elementos fantásticos, tentando sempre superar a prosa do outro. Ora falavam de legiões, bárbaros, selvagens; ora apareciam cavaleiros, dragões, e magos; quando escurecia, era hora de fazer suspense com monstros, canibais, seitas demoníacas, psicopatas... Ouvia-se de tudo sobre a velha construção, e dificilmente era contada alguma história com final feliz - não é de se estranhar também, afinal, prá uma casa que está naquele estado...
Então um velo dia - ou não tão belo - chega à cidade um viajante doidão, perdido, sem rumo. E ninguém ali iria querer dar abrigo à um hippiezinho com um vestido branco. Só restou pra ele dormir na velha casa. Não posso negar que ele realmente tinha coragem, afinal, mesmo ouvindo todas as histórias, preferiu domir na casa à dormir na praça. Depois de muito trabalho para conseguir tirar as madeiras que cobriam uma das janelas - a porta parecia estar travada por dentro, e realmente estava - ele entrou na casa, e foi conhecer o que seria seu lar por essa noite, e procurar algum lugar que desse para dormir. Depois de lhar boa parte da morada, ele encontra um livro surrado pelo tempo, escrito a mão, folheia-o um pouco e descobre que cota a história daquela casa, e de quem alí viveu. Leu por horas à fio o livro, e pouco antes do dia amanhecer, o homem fez uma placa com os dizeres "Vocês são como árvores, que fertilizam e frutificam e cada palavra adicionada às estórias sobre algo que vocês nunca tiveram a coragem de conhecer de fato". Com o livro em mãos, pregou de volta as madeiras da janela, e seguiu sua viagem, sem destino.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

o besouro

Com um besouro tosco se debatendo no vidro da janela eu acordo, e puto, dou um tapa naquele inseto estúpido jogando-o pela fresta da janela. e penso como esses bixos conseguem entrar na merda do nosso quarto e depois não consegue lembrar por onde entrou? tomar no cu uma porra dessas, e pior, ficam se debatendo no mesmo canto do vidro, achando que um dia vão conseguir arrebentar aquele campo de força...
Depois de alguns cigarros, e pensando no filho da puta do besouro que me acordou cedo no meu dia de folga, comecei a relacionar esse besouro às fases que a gente passa na vida... quando caimos num buraco e depois não conseguimos sair tão cedo, não conseguimos lembrar como era antes.. é complicado, porque leva tempo até você saber o que fazer, e quando você acha que sabe, algo vem e te mostra que tu não sabe pica nenhuma. até chegar alguem, que nem eu fiz com o inseto, e dar uma porrada mostrando o caminho.

Mais alguns cigarros e umas cervejas, e comecei a relacionar com a minha própria vida... tão trash. depois do falecimento de uma relação, algumas pessoas vieram, me olharam me debatendo contra o vidro e não ligaram, outras reclamaram do barulho e foram embora, teve quem me desse um tapa só pra me jogar pra longe do vidro, quem me desse um tapa com intenção de me botar pra fora, mas com medo de se machucar, não bateu com força... e acabou que eu tive que achar a saída sozinho. não, não que eu não tenha sido auxiliado. cada pessoa que teve sua atitude, me mostrou o que eu deveria fazer, tivessem elas me ignorado, ou tentado ajudar de alguma forma.

Terminei o dia bêbado como de praxe..

mas feliz por ter a convicção de ter reinventado o bom e velho 'porrah life style'... rá!


abrá!