quarta-feira, 29 de outubro de 2008

(a)solução

A solução é violenta. Os movimentos lentos. Nada de agilidade. Apenas calma e concentração. A dor que te faço sentir. Não é apenar o desespero. É confirmação. Exatidão. Nem os últimos dias gélidos. Nem o calor do inferno. O meu ambiente é interno. Sangue. Músculos. Órgãos. Descargas elétricas. Se não posso enchergar. Ao menos posso sentir. Seu suor frio. Respiração ofegante. O sangue. Grudando. Em minha pele. Não acho graça. Mas também. Não posso dizer. Tenho nojo. Sinto prazer. A dor de quem sente. A glória de quem sente. Simplesmente. Gente como a gente. Como qualquer um. De nós. Nada de diferente. Somos todos. Tão. Iguais. E é isso que faz ser. Diferente?. Não. A solução violenta.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

dê o pouco que você tem

Certo dia, Jesus viu dois ricaços oferecerem dinheiro no templo e,
depois, notou uma pobre viúva que dava as suas duas últimas moedas. Então, Jesus
explicou que a viúva, com seu pequeno donativo, havia sido a mais generosa, pois
tinha dado tudo o que possuía.
Texto extraído, integralmente (incluindo o título), do livro "Vamos Brincar com Jesus - Coleção: Janelinhas no Céu"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ofrio

Certo dia me disseram que eu deveria buscar um motivo para minha vida. Eu fiquei matutando sobre a questão durante um tempo. Pensei em todos os fatos que já vivi. Lembrei de certa manhã, quando acordei, e em minha casa haviam cinco pessoas desconhecidas, e oito conhecidas. Todas elas largadas pelos cantos. Algumas carreirinhas arrumadas, bem bonitinhas. Cigarros já enrolados, prontos para fumar, e copos de uísque prontos para serem degustados. Lembro que fiquei tentando lembrar o que tinha feito na noite anterior. Mas nada vinha a minha mente. E, agora, descobri facilmente minha resposta: eu não fiz nada! Se minha memória não lembra, então essa noite não houve em minha vida. Não acho que devo ficar vivendo das dúvidas que ocorrem quando a gente tem lapsos de memória. E se alguem vier comentar-me algo que tenha feito em tal noite, apenas direi. Não fui eu, meu caro. Me descomplico, me complico. Que se foda. Estaria me complicando de novo. Continuei pensando. E pensando. E pensando ainda mais. Pensei tanto que minha mente embolou. Meus olhos viraram. Eu já não conseguia mais pensar. A testa franzia. As mãos gelavam, os pés também. E o frio ia subindo pelas pernas, e também pelos braços. A testa também começava a esfriar. Passava pela cintura, e vinha pelos ombros, pescoço. O frio ia cercando meu coração. Até que alguém percebeu minha situação, e antes que esta se torna-se pior, meteu uma faca em meu peito, e não senti mais o frio.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

o can

Quando criança eu costumava cantar canções que exaltavam o espírito de amar. Hoje eu cresci, e agora costumo cantar, cantar canções para quem gosta de brigar. Um dos meus lugares preferidos pra cantar é no bar. Lá ninguém tem paciência. E é só você se aumentar um pouco mais a voz durante o canto, e cantar provocando. Depois é correr pro abraço. Copos, canecas, cadeiras e garrafas. Nem mesmo as mesas (chumbadas) escapam. Quando criança eu gostava de correria, brincar de pique-pega. Hoje, é pega-pra-capá. Se você não souber se safar, tá fodido nesse mundo. Entenda que aqui, não quero incentivar ninguém a violência. Apenas digo minha realidade. A violência faz parte do meu dia. Acordo, ligo a televisão, e já vem violência. Saio de casa, no subúrbio, e um corpo jogado na lixeira é mais um pouco de violência. A caminho do trabalho, a coronhada levada numa blitz porque não há dinheiro para pagar o almoço dos 'cops' é mais violência. No trabalho, o chefe vendo comigo, vem mais violência. A cerveja que me é digerida, é o ponto de escape. O cigarro, o motivo do meu trabalho. O apartamento com quatro, banheiro e cozinha, é o suficiente. Não faço questão de comprar muita coisa. Apenas o necessário a minha sobrevivência já basta. Mas costumo me lembrar muito de quando eu era criança. Meus pais peidavam e saía notas de mil dólares. Nunca entendi bem o porquê disso. Comecei a beber. Continuo bebendo, e continuo não entendendo.

Eu não digo que sou um grande fã de computador, nem por isso passo a ser fã de dor sem puta. A tristeza nos olhos de quem vê atrai do mais feliz ao mais triste abutre. O ser que escolhe a quem rondear, na esperança de sua morte, iminente. Pega na carniça como se esta fosse carne nobre. E faz questão de disputar o mais sujo pedaço. Lei da natureza. São eles que limpam o que sobra dos leões da vida. E por isso digo com veemência que não digo nada. Por que afinal iria eu dizer alguma coisa para a natureza? Ela é muda. Não fala. Apenas bate, esfola, mata. Não há meio termo. Não há dúvida. Ou você vive, ou você morre. Ou você está acima, ou abaixo da linha do solo. Ou você pisa, ou é pisado. A terra comprime, e é pesada. A educação deprime. Agora, por exemplo, esta caneca de cerveja está esquentando, o que para mim é um terror, para nórdicos, cerveja quente é o que há. Rio de Janeiro é a cidade dos cus! E, conseqüentemente, da merda. Pessoas e animais, tudo com o cu de fora. E tudo cagando a cidade toda. E o cigarro que outro dia emagrecia, aliviava a garganta, sua fumaça não prejudicava. Hoje erradicado de quase todos os lugares. E outro exemplo. Perdi a vontade de continuar a comentar coisas desse tipo sem um nexo, e mesmo se tivesse um nexo, não me interessaria saber qual poderia ser este. Eu não quero me estender a mais nenhuma linha, mas os dedos vão incontroláveis escrevendo tudo que penso. Inclusive se eu pensasse palavrões, puta que pariu!, essa porra não tem censura. E não dá mais para contar. Me cansa ter que pensar tanto. Me cansa toda essa história. E me cansa todo esse mundo. Precisava de mais cerveja, e mais paciência. Também, um pouco mais de dinheiro. E quem sabe. Preciso mais de mais alguma coisa. E essa coisa poderia ser nada. Eu não preciso de mais nada! Tá decidido, é isso. Não preciso nem mais de cerveja. Cerveja? Hmmm Quero cerveja! Mas não tenho dinheiro. Então eu quero cerveja, paciência e dinheiro. Quero não!, e ponto final! .

cachaça

Cachaça, cachaça, cachaça, cachaç,a cachala, achaçla, cachaça, cachaçam, cahacçaha, cahacaçl ac, aahca ç, cahcça,chaç, aca,açchaç,ca ahcç,a chaç, cahç,ca h!
Roooooooonc... roooonnnnnc, rooonnnnnnc
Tum! Tum! Ei!
Tum! Tum!

Sai do meio da rua vagabundo!

um conto de contar

Flávisson sempre gostou de ir à igreja. Não por querer estar em contato mais próximo com deus, ou alguma coisa do tipo. Mas pelo sangue puro das virgens que freqüentavam o templo sagrado. Na saída, como todo bom cristão, conversava com a menininhas sobre jesus, deus, e satanás. Ao final da conversa, sempre as convidava à um sorvete ali perto. Poucas vezes elas recusavam, afinal, o que poderia acontecer num simples sorvete?. Ele e mais algumas meninas, no máximo três, iam com a bíblia na mão, e conversando, agora, sobre o cotidiano de cada uma. Cabe frisar, aqui, que ele apenas escutava e perguntava. Sempre, ao ser questionado sobre alguma coisa, levava o assunto ao grande senhor dos céus, e não lhes dava pista alguma. Antes do sorvete, sem que elas percebessem, botava drogas em seus respectivos copos d'água. Logo os sorvetes acabavam, era o tempo certo de bater o efeito do medicamento. Elas ficavam eufóricas, e topavam praticamente qualquer coisa que alguem propusesse. Justamente como Flávisson programava. Às levava à uma suposta festa de cristo em um apartamento de um amigo. E lá iam todas. Ao chegarem nesse suposto apartamento do amigo, na verdade um outro apartamento dele, no qual não morava, ele servia o sangue do senhor, dizendo “este é meu sangue, e será derramado por vós”, elas caíam na gargalhada, e ele as incitava a fazer coisas obscenas. Depois as molestava. Levava-as em casa, já com o efeito da droga finalizado. No outro dia, elas não se lembravam de muita coisa. Apenas do prazer. E ele seguia fazendo isso, quase sempre com meninas diferentes, todo fim de semana. Porém, numa dessas vezes, algo deu errado. - Fato importante que esqueci de mencionar anteriormente, Flávisson já beirava os quarenta anos. E as meninas, geralmente eram menores de 18. Nessa vez ele levou quatro irmãs: Jannetthe(19); Potija(18); Maria(15); e Joehnne(16). De belezas singulares, ele não conseguia identificar suas descendências, e cada vez que perguntava algo relacionado, à elas, cada uma delas respondia uma coisa diferente. E elas sempre insistiam em suas perguntas, quando nosso personagem se esquivava. Parecia ter encontrado quem entendesse sua jogada. Na hora de colocar a droga, Maria viu. Não comentou nada. Bebeu, assim como as outras três. Tomou toda a água e disse que estava com um gostinho especial. É porque a gente acabou de sair da missa, deus quer nos recompensar com uma água divina, comentou Flávisson. Após alguns minutos, ele não percebia nenhuma mudança. Ficou intrigado, - não sabia ele, que essas meninas tinham pais completamente liberais, em termos de educação, e que dividiam todas as suas experiências, e tudo o que compravam com as filhas - pensativo, mas passado mais alguns minutos decidiu fazer a proposta de qualquer maneira. Potija e Jannetthe preferiram não ir, pois já tinham programa para a noite, e teriam que descansar. A mais velha apenas disse para ele ter cuidado com Maria e Joenne, pois com elas, ele poderia fazer loucuras. E, então, no caminho, Maria disse que o que ele fez era feio, se aproveitando de meninas inocentes, mas que dessa vez ele tinha se fodido, pois aquilo era muito fraco para fazê-las ficar um mínimo de alteradas. Flávisson, negou de começo, mas pela insistência dela, pediu desculpas e perguntou se elas realmente queriam prosseguir. Ambas concordaram, e foram à seu apartamento. Lá, quando ele ia até a adega pegar o vinho, elas, vasculhando a casa atrás de mais aditivos, encontraram uma garrafa quase no fim de vodca. Confirmando que poderiam achar ainda mais coisas. Então, de repente acham uma outra garrafa, dessa vez de uísque importado, e logo ao lado, um maço de cigarros em cima do que parecia ser um estojo de ferramentas. Desconfiadas de que ali poderia haver algo mais interessante, abriram. Depois de escolher com um certo rigor o vinho que iriam tomar, Flávisson fez toda uma cerimônia para abrir a garrafa. Quando chegou à sala, em meio a risadas das meninas, havia uma carreira de pelo menos 50cm. E o cheiro de maconha dominava o lugar. A garrafa já estava chegando à metade. E metade sua estava surpreso e animado e a outra metade aterrorizado. Passado o susto, foi a festa. Uma semana depois estavam os três indo juntos para Amsterdã. A última coisa que eu soube foi que eles tinham aberto um coffeeshop, e se consideravam realmente casados, Flávisson, Maria e Joehnne. Não se separam em momento algum. Ao melhor estilo unha e carne. Principalmente quando encrava.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

janela

Há quem diga que o tempo já foi. Sempre costumei dizer que o tempo é quem vem. E assim, cresci baseado nessa história. E minha vida sempre foi voltada ao futuro. Mas nada que houvesse uma necessidade de dizer o que se precisa. Por esse motivo, naquele madrugada estava apoiado no parapeito de meu apartamento, apreciando o movimento na rua, enquanto tragava meu cigarro. Soprava um vento quente. Abafado. Que dava ainda mais sensação de calor. Meu prédio era mais alto que os demais, dava para ver num longo raio, um bairro composto principalmente de casas, e pequenos prédios, de no máximo quatro andares. Foi quando eu estava jogando a guimba do cigarro pelos ares, com destino à rua, que ouvi um grito. Uma voz grossa, reclamando de alguma coisa. De início levei um susto. Achando que era alguem gritando por eu estar jogando o cigarro na rua. Mas logo em seguida ouvi um gemido feminino. Como se estivesse prestes a chorar. Parei, tentei compreender suas falas, mas estava difícil. Era como se ambos estivessem bêbados. Mas a voz do homem estava cada vez mais intensa. E a feminina, cada vez mais desesperadora. Não era possível que não tivesse mais ninguém escutando àquela discussão. Era muito alto!. Eu procurava achar o provável local de onde viessem os gritos, mas era complicado. Fumei mais três cigarros, e as vozes continuavam intensas. Ao final do quarto cigarro, eu cansei daquilo, bebi água, e fui dormir.

filmêu

Eu gosto de ver essas novelas que rolam na tv, dramas familiares, dor, tragédia. Não entendo porquê, mas a mídia faz questão de frizar esses assuntos, ou melhor, entendo sim. As palavras das manchetes mudam, mas a idéia é a mesma. Só muda o sentido real, quando estamos numa época de olimpíadas, copa do mundo, eleições, ou seja, algo grande, e temporário. No resto do tempo, são, como já disse antes, dramas, dor, tragédia, e morte. Casos recentes, que fazem o noticiário virar uma verdadeira avalanche de ocorrências que sempre houveram, mas nunca foi dada tanta importância. É claro que como no caso desse sequestro, é uma parada fora do normal, e realmente mereca muita atenção. Afinal, se isso virar moda, fodeu! não sobra mais ninguém no mundo. Ainda mais com a idade deles. Pro inferno com isso. E com toda essa atenção, e sensacionalismo, qualquer um que disser alguma coisa mais pesada na hora em que o relacionamento chegar ao fim, será denunciado, e vai virar notícia. Qualquer briga de casal mais aflorada, vira notícia. Um tapa que você der de brincadeira, ou mesmo fingir dar, vai virar notícia. E vai ficar assim até acontecer alguma coisa diferente, que seja mais chocante. Lembro perfeitamente, do caso do acidente do boeing da gol, e as notícias que se seguiram, era coisas do tipo "avião monomotor faz pouso forçado, ninguém se feriu". Coisas que não são raras de acontecer, e aconteciam com """freqüência""" antes do acidente, e continuaram a acontecer depois. Em seguida, quando a poeira tava se assentando, teve o da tam. E, novamente, notícias inúteis, desnecessárias, e puramente sensacionalistas. Compreendo que o número de aeronaves no mundo anda aumentando vertiginosamente, mas calmaê, mostre notícia realmente relevantes. Pouquíssimas pessoas vão voar num avião de aeroclube, e quem vai, fica sabendo dos fatos. Estou usando esse exemplo, pois é do qual eu melhor entendo. Mas para citar outros casos, o caso do menino que foi arrastado por não sei quantos metros; da grande família nardoni; e do oposto dela, o caso richofen; enfim. Isso porque eu nem fiz questão de falar dos jornais online, que fazem todo um histórico, vários panoramas e coisas inúteis, que fazem do jornal parecer mais uma revista de fofoca. Preparem-se, pois vamos passar uma boa temporada ouvindo falar de coisas relacionadas com esse caso. Exceto se acontecer algo mais trágico, e que dê maior ibope. Até lá, boa sorte, e cuidado.

sábado, 18 de outubro de 2008

.--.-..-.-..---.-..-

Agora é a hora,
papibaquigrafamente falando,
o senhor volta a lhes dizer
se fodeu, otário!
O inferno te espera
com o teu sangue tempera
tua boca no olho do furacão
e um bate estaca no teu coração
se fodeu, mermão!
Ó pai, ó mãe
afasta de mim esses cães
e me dêem muito dinheiro
pra que eu exploda o mundo inteiro
Prazer, eu sou o senhor do templo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

eu

Eu já estive no céu, e também já estive no inferno. Conheci o satanás, e também aquele zézúíz. Vi um brigar com o outro numa mesa de bar. Também vi a lua vir fazer chamego na terra. Vi o sol seduzindo o que na época eram meia dúzia de planetas. E foi seduzindo mais. Eu tive com o bem e com o mal. Conheci bem os dois. Também lembro de um muro. Havia um gigantesco muro, atrapalhando a grande visão. Lembro pouca coisa, uma delas é do grito das pessoas que se machucaram quando eu o derrubei. Já visitei os mais distantes lugares. Já fui aos mais profundos abismos do oceano. Já sentei numa praia da polinésia com o senhor noel. Eu já conheci sua mãe, e também seu pai. Estive presente no nascimento de seus avós. E também quando seus tataravós fecundaram. Estive em lugar privilegiado, no funeral, de boa parte deles. Eu vi o homem nascer do barro. Na forma de uma bactéria inofensiva. Vi ele ganhar forma, e se transformar num ser vivo patético. Estive presente no momento em que eles desenvolveram sua inteligência. Necessidade. Vi também abusarem dela. Vi nascer a primeira chama criada por esse ser. E por consequência esse fogo destruir, matar. Eu vi um ser não se satisfazer. Um ser não se saciar. Também vi um ser ser negado por seu pai. Usar e abusar de outros, em nome de um suposto pai. Vi ele destruir tudo que via pelo caminho. Inclusive outrem, iguais a eles. E vejo esse ser, do mesmo jeito, hoje. Numa escala infinitamente maior. Eu vejo seres não humanos, ajudando outros, humanos e não-humanos. Seres que procuram a sobrevivência em outros mundos, e não se preocupa em manter o qual já se vive. Eu vejo uma gigantesca nuvem de gafanhotos. Rios de sangue por todo o mundo. Eu vejo um ser rejeitado por seu próprio criador, embora não saiba quem o tenha criado. Deus diz que foi o diabo, o diabo diz que foi deus. E ninguém se responsabiliza. Eu também estarei em seu leito de morte. Estarei presente em um bom lugar, assistindo a você virar esterco. E, talvez, quem sabe, estarei no de seu filho. Se ele tiver a chance de viver alguma vida além da televisão. Eu o verei ter a chance da vida. Ou o verei sofrer, numa selva de concreto, sombria, e sozinho. Estarei presente.

hoje

Quem sabe algum dia. Algum dia nessa vida. Alguma merda reprimida. Ou essa vida vadia. Minha cabeça conspira. Meu corpo descansa. Sou levado pela maré mansa. Exceto nas noites em que minha cabeça pira. De piração em piração. Caio no chão. Era uma pessoa fraca. O chão foi culpa da ressaca. A ressaca foi do caralho. Todo o bar eu vomitei. Parecia o filme do independence day. Nem lembro onde foi o baralho. Não sei se no inferno. Não sei se no céu. Conheci o diabo. E também o mausoléu. Não gostei de nenhum dos dois. Mas não gostei mesmo, foi de Jesus. Sujeitinho escroto. Quando me viu virou o rosto. Mas nunca, jamais, morrerei de desgosto. Maria era gente fina, e me deu até um vinho gostoso. Agora então posso dormir, quem sabe, com alegria.

se amarra?

As minhas mãos tremulas de ansiedade. Será que vai dar certo, ou será que, mais uma vez, eu vou dar de cara no chão? Não aguento essa dúvida na minha mente. Pro inferno com isso – viro meu copo de uísque. Desce macio, massageando minha laringe. Me faz suportar um pouco mais esse calor mortal. A televisão emite alguns sons sem muito sentido. Faz tempo que essa merda não diz nada de importante, podemos adivinhar todas as notícias do dia seguinte “fulano morre com cinco tiros pelas costas” “polícia mata dez moradores de rua” “criminosos estupram e matam, coletivamente, dezessete crianças da creche tal”. Sempre a mesma merda. Nenhuma novidade. Mas o que eu pretendo fazer, irá mudar minha vida para sempre. E ao menos uma vez, o noticiário terá algo de novo para mostrar. Algo que eu nunca vi eles transmitirem. É só esperar a hora certa e ver como vai ficar. No entanto, enquanto a hora não chega, eu tenho que fazer meu coração aguentar. Eu espero, espero, espero. Esperei. Porém, infelizmente, não vi a hora chegar. Apenas vi, cerca de cinco homens entrarem em minha casa, escutei alguns disparos, e nada mais. Ao que tudo andou, após, seu corpo foi entregue aos porcos. O que ele esperava que virasse notícia, não foi parar nos jornais. Nem mesmo seu desaparecimento. Mas as revistas, distribuídas por ele, que não foram destruídas, continuam a contaminar a população.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

quartos escuros

Acaba de dar meia-noite, e enquanto a gente andava pelas ruas, avistávamos as mulheres semi-nuas, em meio a escuridão das vias mal iluminadas. Andávamos, nós quatro entre traficantes baratos de esquina. Cada um deles esperando uma chance para enfiar uma bala em nossas cabeças – isso, se conseguissem mirar, devido ao grande consumo deles próprios. Não consigo entender como eles conseguem se mantes, se noventa por cento do que deveriam vender, são usados para consumo próprio. A gente pega o que é nosso de direito, e voltamos para as ruelas mais escuras da cidade. Tudo tão largado a própria sorte, e o verde, que na noite não é mais verde, se transforma em grandes e escuros, esconderijos. Que belas sombras. Era o que restava para a gente. A sociedade não havida dado chance de nos redimir, apenas chutou cada um de nós para o mesmo beco imundo. Poderíamos ter tido outro futuro. Mas nos juntarmos, era o mais seguro, e para o momento, o mais correto. O puteiro que havia perto era um bom parque de diversões. Entrávamos, e ninguém nos reconhecia, os seguranças eram todos um bando de bêbados, jamais poderiam lembrar de nossa cara na noite anterior. As putas? Essas se drogavam mais que qualquer um ali. Trabalhavam quase 24 horas por dia, para saciar os desejos dos grandes senhores locais - políticos, empresários – até os porteiros da região, e também, mercenários, como nós. E como só chegar lá e foder é pros fracos, nosso maior tesão era ver dentes caindo, e depois elas deitadas, inconscientes. Pagar pra comer puta? Jamais!. Lá vinham os seguranças, cambaleando, que dava até dó. Era mais fácil bater neles, que nas mulheres. Quando atravessávamos a porta e chegávamos à rua, estávamos realmente seguros. O breu nos dava esse privilégio. Mas não podíamos ficar ali por perto. Como já disse, o lugar tinha muita gente importante. E em pouco tempo, ouviam-se sirenes, e tiros disparados. Sabíamos que eles só deixariam viver, se nossa oferta cobrisse a do superior, em seguida começava o leilão pelo rádio. Assim, ficaríamos sabendo, o quanto a gente valeria. No entanto, nosso preço devia ser muito alto, pois nunca nos pegaram. Era amedrontador, ver entrando, na nossa região, o carro da polícia, ou o 'pavor', como costumávamos chamar. Sempre que acontecia isso, já começávamos a nos preparar para cavar mais algumas covas, e confortar alguma mãe, que havia tido sua filha levada pelos senhores de farda, para a diversão em alguma festa de seus superiores. A imprensa? Preferia dar mais atenção às suas novelas, citando, nelas, os 'grandes' desafios da classe alta. Ontem foi a vez da minha irmã.
baseado na música
la kotche - quartos escuros

terça-feira, 14 de outubro de 2008

mvsfemdh

hemorragia, hemorragia, hemorragia, hemorragia

minha vida, minha vida, minha vida, minha vida

sai ferida, sai ferida, sai ferida, sai ferida

e morreria, e morreria, e morreria, e morreria

tempim

Estou cansado disso tudo, quero o meu mundo, meus pensamentos, minha cabeça de volta. Não sei bem porque, mas foi assim que se sucedeu. A minha memória não é plena, e àquela, eu não sinto mais nem pena. Pois a causa é a interrupção, que me tira toda a concentração nos fatos e nas linhas, de raciocínio já esgotei. Essa bela modernidade que me faz ficar perdido no tempo. Afinal, que dia é hoje?, dia, ou noite? Esse ambiente fechado, ar-condicionado, ambiente computado, tudo coberto com couro de veado. Que essa porra vá pro caralho! - Ou seria pra fora?. É alta, é baixa. E eu vou ficando no meio termo. O tempo não me deixa parar pra pensar, mas sempre me quer pensando, que dirá de querer parar de pensar. Enquanto isso vai tudo pro ar. Eu também vou pro ar. Algum dia quem sabe. E o tempo... ah o tempo. O tempo que eu perdi fazendo isso aqui, ou fazendo isto, aqui. Isto que jamais saberei. Somado com o tempo gasto no trabalho, o tempo perdido no trânsito. E o tempo perdido dos relógios sem bateria. Mas sinto aquele ânimo, de que tudo pode melhorar. Talvez não hoje, nem amanhã, nem depois, mas quem sabe quando eu morrer. É. É a morte assombrando a todos, e sendo tida como solução para alguns. Morrer faz parte, eu mesmo, já morri tantas vezes que nem consigo contar. Uma delas foi quando eu não consegui concluir o CA, por mais de dez anos. Mas que se dane. Quem vai se ferrar sou eu, a morte vai encontrar todos vocês também, mais cedo ou mais tarde. Quem sabe, enquanto você lê isso, você não morre? E há o álcool. Esse sim, um grande veneno. Somos todos suicidas nesse ponto. Mas o tempo urge. E me faz ter que parar com isso. Então... Inferno!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

credo na noite

Já não havia mais tanto reflexo naquela maldita hora. Tava de saco cheio daquela merda de lugar. As pessoas me olhavam como se nunca tivessem visto nada igual. Fingiam não estar me vendo, mas eu conseguia perceber por dentro daqueles óculos escuros, podia sentir, como se me espancassem apenas com olhares. Sentia vontade de vomitar, de vomitar para todos os lados, sujar todos eles com meu vômito nojento e exótico. Nunca aquele lugar haveria de ter recebido um vômito de alguem como eu. Não fazia idéia de qual motivo havia me levado àquele lugar. Provavelmente a cachaça e algum cheiro feminino, este último que já me levou para o céu e para o inferno. Não posso sair por aí sozinho, devia ter levado mais a sério as palavras do psicólogo, quanto a minha atividade social. Mas depois de algumas cervejas e caipirinhas, fica difícil domar o instinto. O meu não pode parar em qualquer lugar. Mal o sol começa a se por, e já vou eu descendo do meu apartamento para brincar no playground – entenda aqui, que moro naqueles prédios com lojas no térreo, das quais só freqüentava uma, um bar. Quando a noite realmente começa, eu ainda estou sóbrio, mas quando chegar perto das onze horas... já era. Todos sabem que não devem mexer demais comigo. E de lá acabo partindo sem rumo para algum lugar distante da cidade. E só vou ter consciência de onde estou, no outro dia, pela manhã, quando acaba o dinheiro e o efeito do álcool. Nesse dia, não ocorreu nada de diferente, exceto o efeito ter acabado mais rápido, ou a noite ter se prolongado. Minha vida era completamente oposta ao que via, crianças, outras nem tão novas assim, que papai e mamãe levavam e buscavam da perdição, do local onde, só não sabia quem não queria, as drogas, promiscuidade (putaria mermo), e o que mais satã desejasse, ocorria. Ou pelo menos, assim diziam. Pois para mim, não passavam de drogas fracas e sem graça, usadas apenas para dizer 'eu uso drogas, yeah!'. Enquanto isso eu ria. Porém continuava a me incomodar com aqueles olhares como se eu tivesse acabado de sair do zoológico. Pro inferno. O efeito do álcool, como já havia comentado, começou a dissipar cedo, mas para minha surpresa, ainda havia cash na minha carteira. Então era hora. Foi mais cerveja e cachaça para a mente. Apenas, disso, me recordo. Depois estava eu botando fogo no banheiro do lugar. Fechando o zippo, e saindo calmo, porém apressado. Saí, e assim quando sentei no ônibus, uns cinqüenta metros dali, um estouro, e uma claridade iluminou a nuca do motorista.