terça-feira, 21 de outubro de 2008

janela

Há quem diga que o tempo já foi. Sempre costumei dizer que o tempo é quem vem. E assim, cresci baseado nessa história. E minha vida sempre foi voltada ao futuro. Mas nada que houvesse uma necessidade de dizer o que se precisa. Por esse motivo, naquele madrugada estava apoiado no parapeito de meu apartamento, apreciando o movimento na rua, enquanto tragava meu cigarro. Soprava um vento quente. Abafado. Que dava ainda mais sensação de calor. Meu prédio era mais alto que os demais, dava para ver num longo raio, um bairro composto principalmente de casas, e pequenos prédios, de no máximo quatro andares. Foi quando eu estava jogando a guimba do cigarro pelos ares, com destino à rua, que ouvi um grito. Uma voz grossa, reclamando de alguma coisa. De início levei um susto. Achando que era alguem gritando por eu estar jogando o cigarro na rua. Mas logo em seguida ouvi um gemido feminino. Como se estivesse prestes a chorar. Parei, tentei compreender suas falas, mas estava difícil. Era como se ambos estivessem bêbados. Mas a voz do homem estava cada vez mais intensa. E a feminina, cada vez mais desesperadora. Não era possível que não tivesse mais ninguém escutando àquela discussão. Era muito alto!. Eu procurava achar o provável local de onde viessem os gritos, mas era complicado. Fumei mais três cigarros, e as vozes continuavam intensas. Ao final do quarto cigarro, eu cansei daquilo, bebi água, e fui dormir.