sábado, 13 de dezembro de 2008

ATO INSTITUCIONAL Nº 5, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1968

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL , ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e
CONSIDERANDO que a Revolução brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao País um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, "os. meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direito e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria" (Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964);
CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Resolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido;
CONSIDERANDO que esse mesmo Poder Revolucionário, exercido pelo Presidente da República, ao convocar o Congresso Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que esta, além de representar "a institucionalização dos ideais e princípios da Revolução", deveria "assegurar a continuidade da obra revolucionária" (Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966);
CONSIDERANDO, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la;
CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária;
CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores, da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição,
Resolve editar o seguinte
ATO INSTITUCIONAL
Art 1º - São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional.
Art 2º - O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.
§ 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios.
§ 2º - Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios.
§ 3º - Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.
Art 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.
Parágrafo único - Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.
Art 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.
Art 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:
I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:
a) liberdade vigiada;
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) domicílio determinado,
§ 1º - o ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados.
§ 2º - As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário.
Art 6º - Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, mamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.
§ 1º - O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.
§ 2º - O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
Art 7º - O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.
Art 8º - O Presidente da República poderá, após investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública, inclusive de autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Parágrafo único - Provada a legitimidade da aquisição dos bens, far-se-á sua restituição.
Art 9º - O Presidente da República poderá baixar Atos Complementares para a execução deste Ato Institucional, bem como adotar, se necessário à defesa da Revolução, as medidas previstas nas alíneas d e e do § 2º do art. 152 da Constituição.
Art 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus , nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.
Art 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
Art 12 - O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 13 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.
A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
Augusto Hamann Rademaker Grünewald
Aurélio de Lyra Tavares
José de Magalhães Pinto
Antônio Delfim Netto
Mário David Andreazza
Ivo Arzua Pereira
Tarso Dutra
Jarbas G. Passarinho
Márcio de Souza e Mello
Leonel Miranda
José Costa Cavalcanti
Edmundo de Macedo Soares
Hélio Beltrão
Afonso A. Lima
Carlos F. de Simas

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

homem perde, misteriosamente, o controle e bate

Foi nesse domingo, que o Negão Doidão, saindo de sua casa, querendo dar uma volta pela cidade, sofreu o pior acidente de sua vida. Segundo contou o delegado responsável pelo caso, o maluquete (de quem você é tiete?) relatou ter perdido o controle de seu veículo, ao olhar no retrovisor esquerdo, e ter visto um olho, em seguida olhou para o retrovisor direito, e viu outro. No que ficou intrigado, olhou ao retrovisor central, e viu um terceiro olho! Já no susto e perdendo o controle da situação, olhou para frente e reestabeleceu o controle do carro. Logo após, levou suas mãos aos olhos, como se faz ao pensarque se está tendo visões. Foi quando retirou as mãos que veio o pior. Ele viu um bebê na frente de seu veículo. Um bebê com três olhos, e que ria da cara dele. E gritou 'vai dar merda!'. Nisso o pobre motorista perdeu o controle de sua nobre kombi. E ela virou cacos pela pista. Além disso, o homem disse que após o acidente, o bebê se aproximou de sua face e disse 'la kotche tá de volta, malandrão' – nisso, aproximou-se do ouvido do negão e complementou – 'vai dar merda...'. Agora, alerto a todos vocês, cuidado!, nós não sabemos com o que estamos lidando. Ninguém sabe o que pode ser essa 'la kotche'. Então, só pedimos aos senhores e senhoras, o máximo de cuidado possível. Obrigado.

sábado, 29 de novembro de 2008

ensaio da contemporaniedade moderna

caralho que merda puta que pariu vai tomar no cu seu fodido da porra!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

logo eu,

Cansei. Acho que se sofresse um infarto agora, não seria tão ruin. Talvez até resolvesse minha situação. Botaria de uma vez por todas a bola pros outros. Logo eu, que sempre pensei bastante na consequência de meus atos para terceiros, não iria me importar dessa. Iria surpreender. Logo eu, tão previsível. Tão morno. Tão resfriado. Talvez tenha pego o caminho errado. Ou mesmo o certo. Destino? Vai saber. Enquanto tem essa cerveja na minha frente, e um par de olhos me fitando, não há do que reclamar. O problema é quando os olhos somem. E a cerveja não consegue mais dar conta. O que pega é conseguir seguir uma linha de raciocínio por mais de um dia. Perda recente de memória, talvez seja essa a causa. São tantas oportunidades que não há como focar apenas uma delas. As dificuldades podem ter comecado cedo. O tempo não volta mais. E talvez seja essa, a melancolia. Bons tempos vividos? Sim. Mas pouco tempo. Duro é passar quase dois anos sem, praticamente ver o sol. Não é fácil pensar que isso um dia vai mudar. Não é lógico isso. Ainda mais quando te dizem todo dia que és um erro genético. Ou, um merda, mesmo. E, isso, poderia ser algo normal. Mas vem de quem deveria te dar apoio. Não sei. Não me sinto vivo. Não neste ambiente. Não neste recinto. A minha solução? A mente voa! E onde a mente vai, o corpo vai atrás. See ya, nigga!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

fato raro

Aqui vou lhes contar apenas uma história rápida, para não virem dizer que não conto nada há mais de um mês. Aliás, há um mês, exatamente, foi quando me aconteceu o que vou relatar-lhes. Eu acordei, recebi uma ligação e trabalhei. Eu consegui trabalhar! Depois voltei para casa, e no dia seguinte, novamente fui trabalhar. Trabalho!. Mas não durou um mês. E terminei enterrando mais um filho, outra vez.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

chuva

Tempo chuvoso. A maioria das pessoas preferem ficar em casa, assistindo a um filme, comendo queijo e bebendo vinho. Eu não. Debaixo de chuva minha disposição parece aumentar, e por isso, não deixo de ir para rua em uma noite de chuva. Ontem foi assim. Encontrei-me com Richard no bar aqui embaixo do meu prédio, e tomamos aquela cerveja. O bom do tempo de chuva é que, você não precisa o sol sumir para sair às ruas. O tempo bem fechado deixa tudo mais nebuloso pelo asfalto, e é desse jeito que eu me sinto seguro. Nós já havíamos passado da décima garrafa, quando compramos mais um maço, entramos no carro, e fomos dar uma volta pela redondeza, tentar achar mais alguem perdido por causa da chuva. Demos uma volta completa pelo bairro e nada, quase ninguém nas ruas. E a noite começava a, realmente, cair. Era nossa hora chegando. Uma parada na praia para beber mais algumas cervejas. E pensar para onde ir. Tomamos algumas, e íamos em direção ao carro, quando parou uma viatura ao nosso lado, e decidiram nos abordar. O bafo era embebedante. E a porta de nosso carro já aberta, denunciava o descumprimento da lei. Porra!, fodeu, bicho!. Disse comigo mesmo. Não havia saída. Se entrássemos no carro e saíssemos em disparada, eles teriam nossa placa, e conseqüentemente nosso endereço. Além do que, marcariam nossas caras, e em breve, estaríamos descansando em alguma vala, banhados a chorume. O jeito era, vergonhosamente, se render. Como em qualquer abordagem, recebemos aquelas carícias que apenas policiais sabem dar, uma massagem que duraria alguns bons dias. Mesmo todos sabendo o quanto os porcos dessa cidade são corruptos, eles tentam se fazer respeitar na base da porrada. Depois de alguns bons minutos de tortura, perguntam quem somos, e o que estamos fazendo. No fim, a proteção a nossa população termina com a compra de uma garrafa de whiskey de muito boa qualidade. A massagem não faz efeito, ainda. O efeito do álcool ainda é alto, e logo após os assaltantes do estado saírem, compramos outra garrafa pra gente. A seguir, decidimos partir à uma região mais civilizada, resgatar nossa moral. E no posto, antes de pegar o caminho da civilização, quando já havíamos acabado de abastecer, e íamos saindo do posto, damos de cara com os porcos. Levanto minha garrafa em direção a vista deles, e saio em disparada, mandando-os tomar no cu. Eles tentam seguir a gente, mas o álcool aguça meus sentidos, e eu enfiei o carro em buracos que eu jamais saberia que essa porra poderia entrar. Meia hora depois, estamos lá. Bairro de gente chique. Turistas. Dinheiro. E putas. E traficantes. Todos em busca de prazer. E nós, também!. O difícil é escolher em que lugar ir. Todos são convidativos demais. Muita gente fazendo pose, bebendo bebidas finas, e dançando a última onda em música. Alguns tentam tirar onda de bad boys, outros de membros de gangue. Mas que ao final da noite, volta todo mundo à casa de seus pais, para tomar leite com chocolate, levado na cama pela mamãe. Ao menos eles tem mãe. Eu já perdi a minha, e Richard sabe do ódio que eu guardo de quem foi o responsável. Ela cometera suicídio, após ter sido estuprada pelo seu chefe, em sua mesa. Provavelmente, marido de uma dessas mamães que fazem o leite pro filhinho. E sempre que eu ando por esses lados, essa história se passa em minha mente. Richard também fica com um ódio estampado em seus olhos, mas não tanto quanto eu. Andando bem devagar por essas ruas, e observando a cara de cada uma dessas pessoas que decidem olhar para o carro. Essa situação me dá uma sensação de desprezo, e ao mesmo tempo, uma necessidade de vingança. O que deveria dar também, uma insegurança. Visto que, onde há dinheiro, as coisas funcionam. Morre uma pessoa por aqui, e dois dias depois, eles já tem o culpado. Enquanto, eu, estou esperando até hoje uma posição do caso de minha mãe, quanto ao estupro. A cerveja e o whiskey terminaram. Teríamos de descer em algum posto comprar mais, e também cigarro. Por ser arriscado estar por ali, e sermos apenas dois, decidimos parar em uma alameda mal-iluminada. Abrimos a mala do carro, e pegarmos o que pudéssemos precisar em caso de emergência. Soco inglês, taco de baseball, e uma pequena faca. Para cada um. Voltamos ao carro, e paramos em um posto de esquina. A receptividade até que não foi das piores. Apenas olhos feios e assustados com nossa presença ali. Alguns, poderia até dizer que pensavam algo como, vai dar merda.... Os tacos presos à cintura, ficavam até bem discretos. Num lugar desses, por aqui, nunca deve-se abaixar a cabeça. E foi o que fizemos. Pegamos o que queríamos, e fomos pagar. Não sei se nego estava bêbado demais, ou se ele realmente queria aquilo. Nos olhos quando estávamos pagando e falou em alto e bom som, a mãe de vocês deve estar com a buceta bem assada, pra vocês conseguirem pagar tudo isso!. Foi o que não prestou. Mal terminou de falar, e já havia uma mão apertando seu pescoço. A tensão tomou conta do local. E, após segurar o malandro: Não vou perguntar o que você disse porque eu escutei muito bem, e quem deve estar assada, é a sua mãe, de tanto dar à empregados como eu. E, quem vai ficar doido, aqui, se não pagar a nossa conta, vai ser você. Nisso o Richard encostou o taco de baseball na bunda do folgado. Todo mundo, ali, fingia não ver nada. A única pessoa que se importava com o desfecho, era o funcionário. Quase ao mesmo tempo que o maluco deu o dinheiro, vimos chegando alguns amigos dele, uns quatro, meio desengonçados. Nisso, meu amigo deu uma tacada na cabeça do cara que tava em minha mão, e nos preparamos pro que viria. Na hora, o funcionário ligava para a polícia. E nós esperávamos os quatro virem ao nosso encontro. Quando eles entraram no estabelecimento, jogamos uma lata na vitrine, para facilitar a saída. E ao nosso estilo, bem objetivo, bater em locais em que o outro fique sem reação. Fizemos assim, derrubamos três, mais o que deu início à toda confusão. O último, veio atrás da gente até entrarmos no carro. Eu ia manobrando, e quando ele ia se aproximando, Richard tacou uma garrafa, que acertou de raspão, um pouco abaixo de sua testa, próxima a linha do olho. Quando ele tirou o sangue que turvava sua visão, só pôde ouvir o canto dos pneus.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

säx

Até que ponto uma pessoa pode se entregar a pensamentos sobre sexo e lascívia,
diariamente?

Nenhum. A lascívia é como uma epidemia - alastra-se. Conserve
sua mente sempre sujeita a Cristo(2 Co 10.5), e afaste toda imaginação má.

Trecho retirado do livro "Respostas francas sobre o sexo no casamento"

Aprederam direitinho né? Nada de pensar em sexo, molecada.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

(a)solução

A solução é violenta. Os movimentos lentos. Nada de agilidade. Apenas calma e concentração. A dor que te faço sentir. Não é apenar o desespero. É confirmação. Exatidão. Nem os últimos dias gélidos. Nem o calor do inferno. O meu ambiente é interno. Sangue. Músculos. Órgãos. Descargas elétricas. Se não posso enchergar. Ao menos posso sentir. Seu suor frio. Respiração ofegante. O sangue. Grudando. Em minha pele. Não acho graça. Mas também. Não posso dizer. Tenho nojo. Sinto prazer. A dor de quem sente. A glória de quem sente. Simplesmente. Gente como a gente. Como qualquer um. De nós. Nada de diferente. Somos todos. Tão. Iguais. E é isso que faz ser. Diferente?. Não. A solução violenta.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

dê o pouco que você tem

Certo dia, Jesus viu dois ricaços oferecerem dinheiro no templo e,
depois, notou uma pobre viúva que dava as suas duas últimas moedas. Então, Jesus
explicou que a viúva, com seu pequeno donativo, havia sido a mais generosa, pois
tinha dado tudo o que possuía.
Texto extraído, integralmente (incluindo o título), do livro "Vamos Brincar com Jesus - Coleção: Janelinhas no Céu"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ofrio

Certo dia me disseram que eu deveria buscar um motivo para minha vida. Eu fiquei matutando sobre a questão durante um tempo. Pensei em todos os fatos que já vivi. Lembrei de certa manhã, quando acordei, e em minha casa haviam cinco pessoas desconhecidas, e oito conhecidas. Todas elas largadas pelos cantos. Algumas carreirinhas arrumadas, bem bonitinhas. Cigarros já enrolados, prontos para fumar, e copos de uísque prontos para serem degustados. Lembro que fiquei tentando lembrar o que tinha feito na noite anterior. Mas nada vinha a minha mente. E, agora, descobri facilmente minha resposta: eu não fiz nada! Se minha memória não lembra, então essa noite não houve em minha vida. Não acho que devo ficar vivendo das dúvidas que ocorrem quando a gente tem lapsos de memória. E se alguem vier comentar-me algo que tenha feito em tal noite, apenas direi. Não fui eu, meu caro. Me descomplico, me complico. Que se foda. Estaria me complicando de novo. Continuei pensando. E pensando. E pensando ainda mais. Pensei tanto que minha mente embolou. Meus olhos viraram. Eu já não conseguia mais pensar. A testa franzia. As mãos gelavam, os pés também. E o frio ia subindo pelas pernas, e também pelos braços. A testa também começava a esfriar. Passava pela cintura, e vinha pelos ombros, pescoço. O frio ia cercando meu coração. Até que alguém percebeu minha situação, e antes que esta se torna-se pior, meteu uma faca em meu peito, e não senti mais o frio.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

o can

Quando criança eu costumava cantar canções que exaltavam o espírito de amar. Hoje eu cresci, e agora costumo cantar, cantar canções para quem gosta de brigar. Um dos meus lugares preferidos pra cantar é no bar. Lá ninguém tem paciência. E é só você se aumentar um pouco mais a voz durante o canto, e cantar provocando. Depois é correr pro abraço. Copos, canecas, cadeiras e garrafas. Nem mesmo as mesas (chumbadas) escapam. Quando criança eu gostava de correria, brincar de pique-pega. Hoje, é pega-pra-capá. Se você não souber se safar, tá fodido nesse mundo. Entenda que aqui, não quero incentivar ninguém a violência. Apenas digo minha realidade. A violência faz parte do meu dia. Acordo, ligo a televisão, e já vem violência. Saio de casa, no subúrbio, e um corpo jogado na lixeira é mais um pouco de violência. A caminho do trabalho, a coronhada levada numa blitz porque não há dinheiro para pagar o almoço dos 'cops' é mais violência. No trabalho, o chefe vendo comigo, vem mais violência. A cerveja que me é digerida, é o ponto de escape. O cigarro, o motivo do meu trabalho. O apartamento com quatro, banheiro e cozinha, é o suficiente. Não faço questão de comprar muita coisa. Apenas o necessário a minha sobrevivência já basta. Mas costumo me lembrar muito de quando eu era criança. Meus pais peidavam e saía notas de mil dólares. Nunca entendi bem o porquê disso. Comecei a beber. Continuo bebendo, e continuo não entendendo.

Eu não digo que sou um grande fã de computador, nem por isso passo a ser fã de dor sem puta. A tristeza nos olhos de quem vê atrai do mais feliz ao mais triste abutre. O ser que escolhe a quem rondear, na esperança de sua morte, iminente. Pega na carniça como se esta fosse carne nobre. E faz questão de disputar o mais sujo pedaço. Lei da natureza. São eles que limpam o que sobra dos leões da vida. E por isso digo com veemência que não digo nada. Por que afinal iria eu dizer alguma coisa para a natureza? Ela é muda. Não fala. Apenas bate, esfola, mata. Não há meio termo. Não há dúvida. Ou você vive, ou você morre. Ou você está acima, ou abaixo da linha do solo. Ou você pisa, ou é pisado. A terra comprime, e é pesada. A educação deprime. Agora, por exemplo, esta caneca de cerveja está esquentando, o que para mim é um terror, para nórdicos, cerveja quente é o que há. Rio de Janeiro é a cidade dos cus! E, conseqüentemente, da merda. Pessoas e animais, tudo com o cu de fora. E tudo cagando a cidade toda. E o cigarro que outro dia emagrecia, aliviava a garganta, sua fumaça não prejudicava. Hoje erradicado de quase todos os lugares. E outro exemplo. Perdi a vontade de continuar a comentar coisas desse tipo sem um nexo, e mesmo se tivesse um nexo, não me interessaria saber qual poderia ser este. Eu não quero me estender a mais nenhuma linha, mas os dedos vão incontroláveis escrevendo tudo que penso. Inclusive se eu pensasse palavrões, puta que pariu!, essa porra não tem censura. E não dá mais para contar. Me cansa ter que pensar tanto. Me cansa toda essa história. E me cansa todo esse mundo. Precisava de mais cerveja, e mais paciência. Também, um pouco mais de dinheiro. E quem sabe. Preciso mais de mais alguma coisa. E essa coisa poderia ser nada. Eu não preciso de mais nada! Tá decidido, é isso. Não preciso nem mais de cerveja. Cerveja? Hmmm Quero cerveja! Mas não tenho dinheiro. Então eu quero cerveja, paciência e dinheiro. Quero não!, e ponto final! .

cachaça

Cachaça, cachaça, cachaça, cachaç,a cachala, achaçla, cachaça, cachaçam, cahacçaha, cahacaçl ac, aahca ç, cahcça,chaç, aca,açchaç,ca ahcç,a chaç, cahç,ca h!
Roooooooonc... roooonnnnnc, rooonnnnnnc
Tum! Tum! Ei!
Tum! Tum!

Sai do meio da rua vagabundo!

um conto de contar

Flávisson sempre gostou de ir à igreja. Não por querer estar em contato mais próximo com deus, ou alguma coisa do tipo. Mas pelo sangue puro das virgens que freqüentavam o templo sagrado. Na saída, como todo bom cristão, conversava com a menininhas sobre jesus, deus, e satanás. Ao final da conversa, sempre as convidava à um sorvete ali perto. Poucas vezes elas recusavam, afinal, o que poderia acontecer num simples sorvete?. Ele e mais algumas meninas, no máximo três, iam com a bíblia na mão, e conversando, agora, sobre o cotidiano de cada uma. Cabe frisar, aqui, que ele apenas escutava e perguntava. Sempre, ao ser questionado sobre alguma coisa, levava o assunto ao grande senhor dos céus, e não lhes dava pista alguma. Antes do sorvete, sem que elas percebessem, botava drogas em seus respectivos copos d'água. Logo os sorvetes acabavam, era o tempo certo de bater o efeito do medicamento. Elas ficavam eufóricas, e topavam praticamente qualquer coisa que alguem propusesse. Justamente como Flávisson programava. Às levava à uma suposta festa de cristo em um apartamento de um amigo. E lá iam todas. Ao chegarem nesse suposto apartamento do amigo, na verdade um outro apartamento dele, no qual não morava, ele servia o sangue do senhor, dizendo “este é meu sangue, e será derramado por vós”, elas caíam na gargalhada, e ele as incitava a fazer coisas obscenas. Depois as molestava. Levava-as em casa, já com o efeito da droga finalizado. No outro dia, elas não se lembravam de muita coisa. Apenas do prazer. E ele seguia fazendo isso, quase sempre com meninas diferentes, todo fim de semana. Porém, numa dessas vezes, algo deu errado. - Fato importante que esqueci de mencionar anteriormente, Flávisson já beirava os quarenta anos. E as meninas, geralmente eram menores de 18. Nessa vez ele levou quatro irmãs: Jannetthe(19); Potija(18); Maria(15); e Joehnne(16). De belezas singulares, ele não conseguia identificar suas descendências, e cada vez que perguntava algo relacionado, à elas, cada uma delas respondia uma coisa diferente. E elas sempre insistiam em suas perguntas, quando nosso personagem se esquivava. Parecia ter encontrado quem entendesse sua jogada. Na hora de colocar a droga, Maria viu. Não comentou nada. Bebeu, assim como as outras três. Tomou toda a água e disse que estava com um gostinho especial. É porque a gente acabou de sair da missa, deus quer nos recompensar com uma água divina, comentou Flávisson. Após alguns minutos, ele não percebia nenhuma mudança. Ficou intrigado, - não sabia ele, que essas meninas tinham pais completamente liberais, em termos de educação, e que dividiam todas as suas experiências, e tudo o que compravam com as filhas - pensativo, mas passado mais alguns minutos decidiu fazer a proposta de qualquer maneira. Potija e Jannetthe preferiram não ir, pois já tinham programa para a noite, e teriam que descansar. A mais velha apenas disse para ele ter cuidado com Maria e Joenne, pois com elas, ele poderia fazer loucuras. E, então, no caminho, Maria disse que o que ele fez era feio, se aproveitando de meninas inocentes, mas que dessa vez ele tinha se fodido, pois aquilo era muito fraco para fazê-las ficar um mínimo de alteradas. Flávisson, negou de começo, mas pela insistência dela, pediu desculpas e perguntou se elas realmente queriam prosseguir. Ambas concordaram, e foram à seu apartamento. Lá, quando ele ia até a adega pegar o vinho, elas, vasculhando a casa atrás de mais aditivos, encontraram uma garrafa quase no fim de vodca. Confirmando que poderiam achar ainda mais coisas. Então, de repente acham uma outra garrafa, dessa vez de uísque importado, e logo ao lado, um maço de cigarros em cima do que parecia ser um estojo de ferramentas. Desconfiadas de que ali poderia haver algo mais interessante, abriram. Depois de escolher com um certo rigor o vinho que iriam tomar, Flávisson fez toda uma cerimônia para abrir a garrafa. Quando chegou à sala, em meio a risadas das meninas, havia uma carreira de pelo menos 50cm. E o cheiro de maconha dominava o lugar. A garrafa já estava chegando à metade. E metade sua estava surpreso e animado e a outra metade aterrorizado. Passado o susto, foi a festa. Uma semana depois estavam os três indo juntos para Amsterdã. A última coisa que eu soube foi que eles tinham aberto um coffeeshop, e se consideravam realmente casados, Flávisson, Maria e Joehnne. Não se separam em momento algum. Ao melhor estilo unha e carne. Principalmente quando encrava.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

janela

Há quem diga que o tempo já foi. Sempre costumei dizer que o tempo é quem vem. E assim, cresci baseado nessa história. E minha vida sempre foi voltada ao futuro. Mas nada que houvesse uma necessidade de dizer o que se precisa. Por esse motivo, naquele madrugada estava apoiado no parapeito de meu apartamento, apreciando o movimento na rua, enquanto tragava meu cigarro. Soprava um vento quente. Abafado. Que dava ainda mais sensação de calor. Meu prédio era mais alto que os demais, dava para ver num longo raio, um bairro composto principalmente de casas, e pequenos prédios, de no máximo quatro andares. Foi quando eu estava jogando a guimba do cigarro pelos ares, com destino à rua, que ouvi um grito. Uma voz grossa, reclamando de alguma coisa. De início levei um susto. Achando que era alguem gritando por eu estar jogando o cigarro na rua. Mas logo em seguida ouvi um gemido feminino. Como se estivesse prestes a chorar. Parei, tentei compreender suas falas, mas estava difícil. Era como se ambos estivessem bêbados. Mas a voz do homem estava cada vez mais intensa. E a feminina, cada vez mais desesperadora. Não era possível que não tivesse mais ninguém escutando àquela discussão. Era muito alto!. Eu procurava achar o provável local de onde viessem os gritos, mas era complicado. Fumei mais três cigarros, e as vozes continuavam intensas. Ao final do quarto cigarro, eu cansei daquilo, bebi água, e fui dormir.

filmêu

Eu gosto de ver essas novelas que rolam na tv, dramas familiares, dor, tragédia. Não entendo porquê, mas a mídia faz questão de frizar esses assuntos, ou melhor, entendo sim. As palavras das manchetes mudam, mas a idéia é a mesma. Só muda o sentido real, quando estamos numa época de olimpíadas, copa do mundo, eleições, ou seja, algo grande, e temporário. No resto do tempo, são, como já disse antes, dramas, dor, tragédia, e morte. Casos recentes, que fazem o noticiário virar uma verdadeira avalanche de ocorrências que sempre houveram, mas nunca foi dada tanta importância. É claro que como no caso desse sequestro, é uma parada fora do normal, e realmente mereca muita atenção. Afinal, se isso virar moda, fodeu! não sobra mais ninguém no mundo. Ainda mais com a idade deles. Pro inferno com isso. E com toda essa atenção, e sensacionalismo, qualquer um que disser alguma coisa mais pesada na hora em que o relacionamento chegar ao fim, será denunciado, e vai virar notícia. Qualquer briga de casal mais aflorada, vira notícia. Um tapa que você der de brincadeira, ou mesmo fingir dar, vai virar notícia. E vai ficar assim até acontecer alguma coisa diferente, que seja mais chocante. Lembro perfeitamente, do caso do acidente do boeing da gol, e as notícias que se seguiram, era coisas do tipo "avião monomotor faz pouso forçado, ninguém se feriu". Coisas que não são raras de acontecer, e aconteciam com """freqüência""" antes do acidente, e continuaram a acontecer depois. Em seguida, quando a poeira tava se assentando, teve o da tam. E, novamente, notícias inúteis, desnecessárias, e puramente sensacionalistas. Compreendo que o número de aeronaves no mundo anda aumentando vertiginosamente, mas calmaê, mostre notícia realmente relevantes. Pouquíssimas pessoas vão voar num avião de aeroclube, e quem vai, fica sabendo dos fatos. Estou usando esse exemplo, pois é do qual eu melhor entendo. Mas para citar outros casos, o caso do menino que foi arrastado por não sei quantos metros; da grande família nardoni; e do oposto dela, o caso richofen; enfim. Isso porque eu nem fiz questão de falar dos jornais online, que fazem todo um histórico, vários panoramas e coisas inúteis, que fazem do jornal parecer mais uma revista de fofoca. Preparem-se, pois vamos passar uma boa temporada ouvindo falar de coisas relacionadas com esse caso. Exceto se acontecer algo mais trágico, e que dê maior ibope. Até lá, boa sorte, e cuidado.

sábado, 18 de outubro de 2008

.--.-..-.-..---.-..-

Agora é a hora,
papibaquigrafamente falando,
o senhor volta a lhes dizer
se fodeu, otário!
O inferno te espera
com o teu sangue tempera
tua boca no olho do furacão
e um bate estaca no teu coração
se fodeu, mermão!
Ó pai, ó mãe
afasta de mim esses cães
e me dêem muito dinheiro
pra que eu exploda o mundo inteiro
Prazer, eu sou o senhor do templo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

eu

Eu já estive no céu, e também já estive no inferno. Conheci o satanás, e também aquele zézúíz. Vi um brigar com o outro numa mesa de bar. Também vi a lua vir fazer chamego na terra. Vi o sol seduzindo o que na época eram meia dúzia de planetas. E foi seduzindo mais. Eu tive com o bem e com o mal. Conheci bem os dois. Também lembro de um muro. Havia um gigantesco muro, atrapalhando a grande visão. Lembro pouca coisa, uma delas é do grito das pessoas que se machucaram quando eu o derrubei. Já visitei os mais distantes lugares. Já fui aos mais profundos abismos do oceano. Já sentei numa praia da polinésia com o senhor noel. Eu já conheci sua mãe, e também seu pai. Estive presente no nascimento de seus avós. E também quando seus tataravós fecundaram. Estive em lugar privilegiado, no funeral, de boa parte deles. Eu vi o homem nascer do barro. Na forma de uma bactéria inofensiva. Vi ele ganhar forma, e se transformar num ser vivo patético. Estive presente no momento em que eles desenvolveram sua inteligência. Necessidade. Vi também abusarem dela. Vi nascer a primeira chama criada por esse ser. E por consequência esse fogo destruir, matar. Eu vi um ser não se satisfazer. Um ser não se saciar. Também vi um ser ser negado por seu pai. Usar e abusar de outros, em nome de um suposto pai. Vi ele destruir tudo que via pelo caminho. Inclusive outrem, iguais a eles. E vejo esse ser, do mesmo jeito, hoje. Numa escala infinitamente maior. Eu vejo seres não humanos, ajudando outros, humanos e não-humanos. Seres que procuram a sobrevivência em outros mundos, e não se preocupa em manter o qual já se vive. Eu vejo uma gigantesca nuvem de gafanhotos. Rios de sangue por todo o mundo. Eu vejo um ser rejeitado por seu próprio criador, embora não saiba quem o tenha criado. Deus diz que foi o diabo, o diabo diz que foi deus. E ninguém se responsabiliza. Eu também estarei em seu leito de morte. Estarei presente em um bom lugar, assistindo a você virar esterco. E, talvez, quem sabe, estarei no de seu filho. Se ele tiver a chance de viver alguma vida além da televisão. Eu o verei ter a chance da vida. Ou o verei sofrer, numa selva de concreto, sombria, e sozinho. Estarei presente.

hoje

Quem sabe algum dia. Algum dia nessa vida. Alguma merda reprimida. Ou essa vida vadia. Minha cabeça conspira. Meu corpo descansa. Sou levado pela maré mansa. Exceto nas noites em que minha cabeça pira. De piração em piração. Caio no chão. Era uma pessoa fraca. O chão foi culpa da ressaca. A ressaca foi do caralho. Todo o bar eu vomitei. Parecia o filme do independence day. Nem lembro onde foi o baralho. Não sei se no inferno. Não sei se no céu. Conheci o diabo. E também o mausoléu. Não gostei de nenhum dos dois. Mas não gostei mesmo, foi de Jesus. Sujeitinho escroto. Quando me viu virou o rosto. Mas nunca, jamais, morrerei de desgosto. Maria era gente fina, e me deu até um vinho gostoso. Agora então posso dormir, quem sabe, com alegria.

se amarra?

As minhas mãos tremulas de ansiedade. Será que vai dar certo, ou será que, mais uma vez, eu vou dar de cara no chão? Não aguento essa dúvida na minha mente. Pro inferno com isso – viro meu copo de uísque. Desce macio, massageando minha laringe. Me faz suportar um pouco mais esse calor mortal. A televisão emite alguns sons sem muito sentido. Faz tempo que essa merda não diz nada de importante, podemos adivinhar todas as notícias do dia seguinte “fulano morre com cinco tiros pelas costas” “polícia mata dez moradores de rua” “criminosos estupram e matam, coletivamente, dezessete crianças da creche tal”. Sempre a mesma merda. Nenhuma novidade. Mas o que eu pretendo fazer, irá mudar minha vida para sempre. E ao menos uma vez, o noticiário terá algo de novo para mostrar. Algo que eu nunca vi eles transmitirem. É só esperar a hora certa e ver como vai ficar. No entanto, enquanto a hora não chega, eu tenho que fazer meu coração aguentar. Eu espero, espero, espero. Esperei. Porém, infelizmente, não vi a hora chegar. Apenas vi, cerca de cinco homens entrarem em minha casa, escutei alguns disparos, e nada mais. Ao que tudo andou, após, seu corpo foi entregue aos porcos. O que ele esperava que virasse notícia, não foi parar nos jornais. Nem mesmo seu desaparecimento. Mas as revistas, distribuídas por ele, que não foram destruídas, continuam a contaminar a população.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

quartos escuros

Acaba de dar meia-noite, e enquanto a gente andava pelas ruas, avistávamos as mulheres semi-nuas, em meio a escuridão das vias mal iluminadas. Andávamos, nós quatro entre traficantes baratos de esquina. Cada um deles esperando uma chance para enfiar uma bala em nossas cabeças – isso, se conseguissem mirar, devido ao grande consumo deles próprios. Não consigo entender como eles conseguem se mantes, se noventa por cento do que deveriam vender, são usados para consumo próprio. A gente pega o que é nosso de direito, e voltamos para as ruelas mais escuras da cidade. Tudo tão largado a própria sorte, e o verde, que na noite não é mais verde, se transforma em grandes e escuros, esconderijos. Que belas sombras. Era o que restava para a gente. A sociedade não havida dado chance de nos redimir, apenas chutou cada um de nós para o mesmo beco imundo. Poderíamos ter tido outro futuro. Mas nos juntarmos, era o mais seguro, e para o momento, o mais correto. O puteiro que havia perto era um bom parque de diversões. Entrávamos, e ninguém nos reconhecia, os seguranças eram todos um bando de bêbados, jamais poderiam lembrar de nossa cara na noite anterior. As putas? Essas se drogavam mais que qualquer um ali. Trabalhavam quase 24 horas por dia, para saciar os desejos dos grandes senhores locais - políticos, empresários – até os porteiros da região, e também, mercenários, como nós. E como só chegar lá e foder é pros fracos, nosso maior tesão era ver dentes caindo, e depois elas deitadas, inconscientes. Pagar pra comer puta? Jamais!. Lá vinham os seguranças, cambaleando, que dava até dó. Era mais fácil bater neles, que nas mulheres. Quando atravessávamos a porta e chegávamos à rua, estávamos realmente seguros. O breu nos dava esse privilégio. Mas não podíamos ficar ali por perto. Como já disse, o lugar tinha muita gente importante. E em pouco tempo, ouviam-se sirenes, e tiros disparados. Sabíamos que eles só deixariam viver, se nossa oferta cobrisse a do superior, em seguida começava o leilão pelo rádio. Assim, ficaríamos sabendo, o quanto a gente valeria. No entanto, nosso preço devia ser muito alto, pois nunca nos pegaram. Era amedrontador, ver entrando, na nossa região, o carro da polícia, ou o 'pavor', como costumávamos chamar. Sempre que acontecia isso, já começávamos a nos preparar para cavar mais algumas covas, e confortar alguma mãe, que havia tido sua filha levada pelos senhores de farda, para a diversão em alguma festa de seus superiores. A imprensa? Preferia dar mais atenção às suas novelas, citando, nelas, os 'grandes' desafios da classe alta. Ontem foi a vez da minha irmã.
baseado na música
la kotche - quartos escuros

terça-feira, 14 de outubro de 2008

mvsfemdh

hemorragia, hemorragia, hemorragia, hemorragia

minha vida, minha vida, minha vida, minha vida

sai ferida, sai ferida, sai ferida, sai ferida

e morreria, e morreria, e morreria, e morreria

tempim

Estou cansado disso tudo, quero o meu mundo, meus pensamentos, minha cabeça de volta. Não sei bem porque, mas foi assim que se sucedeu. A minha memória não é plena, e àquela, eu não sinto mais nem pena. Pois a causa é a interrupção, que me tira toda a concentração nos fatos e nas linhas, de raciocínio já esgotei. Essa bela modernidade que me faz ficar perdido no tempo. Afinal, que dia é hoje?, dia, ou noite? Esse ambiente fechado, ar-condicionado, ambiente computado, tudo coberto com couro de veado. Que essa porra vá pro caralho! - Ou seria pra fora?. É alta, é baixa. E eu vou ficando no meio termo. O tempo não me deixa parar pra pensar, mas sempre me quer pensando, que dirá de querer parar de pensar. Enquanto isso vai tudo pro ar. Eu também vou pro ar. Algum dia quem sabe. E o tempo... ah o tempo. O tempo que eu perdi fazendo isso aqui, ou fazendo isto, aqui. Isto que jamais saberei. Somado com o tempo gasto no trabalho, o tempo perdido no trânsito. E o tempo perdido dos relógios sem bateria. Mas sinto aquele ânimo, de que tudo pode melhorar. Talvez não hoje, nem amanhã, nem depois, mas quem sabe quando eu morrer. É. É a morte assombrando a todos, e sendo tida como solução para alguns. Morrer faz parte, eu mesmo, já morri tantas vezes que nem consigo contar. Uma delas foi quando eu não consegui concluir o CA, por mais de dez anos. Mas que se dane. Quem vai se ferrar sou eu, a morte vai encontrar todos vocês também, mais cedo ou mais tarde. Quem sabe, enquanto você lê isso, você não morre? E há o álcool. Esse sim, um grande veneno. Somos todos suicidas nesse ponto. Mas o tempo urge. E me faz ter que parar com isso. Então... Inferno!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

credo na noite

Já não havia mais tanto reflexo naquela maldita hora. Tava de saco cheio daquela merda de lugar. As pessoas me olhavam como se nunca tivessem visto nada igual. Fingiam não estar me vendo, mas eu conseguia perceber por dentro daqueles óculos escuros, podia sentir, como se me espancassem apenas com olhares. Sentia vontade de vomitar, de vomitar para todos os lados, sujar todos eles com meu vômito nojento e exótico. Nunca aquele lugar haveria de ter recebido um vômito de alguem como eu. Não fazia idéia de qual motivo havia me levado àquele lugar. Provavelmente a cachaça e algum cheiro feminino, este último que já me levou para o céu e para o inferno. Não posso sair por aí sozinho, devia ter levado mais a sério as palavras do psicólogo, quanto a minha atividade social. Mas depois de algumas cervejas e caipirinhas, fica difícil domar o instinto. O meu não pode parar em qualquer lugar. Mal o sol começa a se por, e já vou eu descendo do meu apartamento para brincar no playground – entenda aqui, que moro naqueles prédios com lojas no térreo, das quais só freqüentava uma, um bar. Quando a noite realmente começa, eu ainda estou sóbrio, mas quando chegar perto das onze horas... já era. Todos sabem que não devem mexer demais comigo. E de lá acabo partindo sem rumo para algum lugar distante da cidade. E só vou ter consciência de onde estou, no outro dia, pela manhã, quando acaba o dinheiro e o efeito do álcool. Nesse dia, não ocorreu nada de diferente, exceto o efeito ter acabado mais rápido, ou a noite ter se prolongado. Minha vida era completamente oposta ao que via, crianças, outras nem tão novas assim, que papai e mamãe levavam e buscavam da perdição, do local onde, só não sabia quem não queria, as drogas, promiscuidade (putaria mermo), e o que mais satã desejasse, ocorria. Ou pelo menos, assim diziam. Pois para mim, não passavam de drogas fracas e sem graça, usadas apenas para dizer 'eu uso drogas, yeah!'. Enquanto isso eu ria. Porém continuava a me incomodar com aqueles olhares como se eu tivesse acabado de sair do zoológico. Pro inferno. O efeito do álcool, como já havia comentado, começou a dissipar cedo, mas para minha surpresa, ainda havia cash na minha carteira. Então era hora. Foi mais cerveja e cachaça para a mente. Apenas, disso, me recordo. Depois estava eu botando fogo no banheiro do lugar. Fechando o zippo, e saindo calmo, porém apressado. Saí, e assim quando sentei no ônibus, uns cinqüenta metros dali, um estouro, e uma claridade iluminou a nuca do motorista.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

o papel

destruída, factóides ao absurdo da vida
sempre, sangue, ao acaso mente a morte
um mundo que apresenta criacoes a tudo
mortas, as mentes, em ofício reprimida

ao ladrilho, mais um mar de pessoas jorrar
um carater, a gente morta, assiste
televisivo mundo alucinar... arcordaram.

e assim começa o dia..

Todo dia ao acordar, enrolo um pouco na cama. Após alguns minutos, finalmente me levanto. Lavo meu rosto com aquela água gelada da madrugada. Após o choque inicial, jogomais um pouco de água. Olho ao espelho, me fito e penso altivo:
- Eu sou o Porrah! Caralho!
Logo após, volto a lava minha face. Agora com uma lavagem superficial, apenas com a água. Termino, seco meu rosto, e paro, me fito por mais algum tempo e penso novamente...
- Que merda, bixo...

soño

“E agora o que fazer
apenas uma rima pra beber
porque precisamos alimentar o ser
pois ser sou eu, e também é você
agora pega aquela caneca
e vira pra baixo da goela
você vai entender minha boneca
quando eu te acender a vela
depois não tem o que falar
pega um cigarro e vai fumar
senta na varanda pelo ar
se encosta e vem pra cá
no fim o dia chama
e você na minha cama
parece mais uma alucinação
mas a realidade é a paixão.”
-Cacete!, eu devo ter bebido pra caralho!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

trabalho.

Trabalho, trabalho, trabalho. Eu não aguento mais trabalho. Mas pra falar a verdade, não, não vou falar pois dá trabalho, e eu já to de saco cheio de trabalho. Dizem que o trabalho dignifica, mas dignifica o que? Ah sim, trabalhando, talvez, quem sabe, possa eu com o meu trabalho, conseguir comprar uma lápide para botar em meu túmulo, mesmo sabendo que isso irá dar ainda mais trabalho, pra outrem, tudo bem, mas é trabalho. A gente estuda trabalho na escola, é estranho, cansativo, mas até que pode ser divertido. O triste, é pensar que quando se sai da escola, o trabalho que se encontra, de nada tem haver com o trabalho que aprende-se no 'lar do saber'. Tudo mentira! E enquanto isso, eu, trabalho mais um pouco. Postar essa merda da trabalho. Tudo é trabalhoso, já viu? Até o prazer da trabalho. Mas foda-se. Na minha lápide vai estar escrito: "Aqui houve mais um... trabalho."

segunda-feira, 7 de abril de 2008

silêncio!

Foi só o que escutei quando me calei. Senti uma pressão maior no nariz. Maior fluxo de ar. Me agoniei. Mas a boca mantinha-se fechada. Não iria abrí-la por nada. Não falaria nada. Seria apenas eu e eu mesmo. Ninguem mais iria saber nada de mim. Ficaria com minha dor sozinho. A guerra não era minha, mas eu sabia demais. Não lutava por nenhum dos dois lados, e talvez por isso mesmo tenha tido acesso a tantas informações confidenciais. Até o belo dia em que decidiram falar que eu estava espionando. Agora estou aqui jogado nessa merda de cela de 2x1,5m, apenas de cueca. Lugar úmido de merda. Só sei quando começa o dia quando é servido um pão que mais parece pedra. Mas sei que não posso contar com isso. A noção do tempo não existe, e eles podem embaralhar a alimentação e me deixar louco. Mas não, não vou ajudar nenhum dos dois lados nessa merda. Ninguem vai tirar nenhuma informação de mim. Iria me calar. Como pode-se prever, na cela não havia nenhuma faca, tesoura, ou algo cortante. No entanto a parede era áspera. Foi ali mesmo. Nunca mais iria falar nenhuma palavra. O sangue escorria. A dor era insuportável. Mas eu estava disposto a suportar. E ainda assim, não gritei de dor. Pensava comigo mesmo. Posso não falar. Mas há outros meios. Decidi que não seria o filho da puta responsável pelo fim de um povo. Mesmo que não fosse o meu. Estava fora de cogitação. E da mesma forma que foi a lingua, foram-se as mãos. Os pés. A cela cheirava forte à sangue. Eu não posso me levantar. Não tenho como me apoiar. Nem alimentar. A fome é tamanha que eu me arrasto pelo chão para chegar ao prato de comida, ou catar o pão com a boca. Enquanto isso, arrasto os ferimentos ainda não cicatrizados, e crio outros novos. Eis que finalmente abrem minha cela. Fico me perguntando quanto tempo será que fiquei aqui trancado. Escuto um alvoroço, mas não consigo compreender o que dizem. Meus ouvidos estão obstruídos por sangue seco. Pude distinguir apenas alguem gritar 'Silêncio!', passar algum tempo. E trancarem a porta de novo.

sexta-feira, 21 de março de 2008

filho da puta

O dia escurecia. Era como se eu tivesse acabado de tomar um soco pelas costas, mas não, era pior que um soco. Não senti a lâmina entrar, apenas a bainha bater e não conseguir mais penetrar. A visão escureceu, o corpo esfriou. O coração no peito, já não mais sentia, era um gelo. Algo como um chopp extremamente gelado em meu peito. A primeira reação não houve. Fiquei paralisado. Foi quando começei a ouvir uns poucos risos. Enfiei a mão na cintura, catei minha pistola. Ainda dava tempo de contemplar aquela famosa lei da física "toda ação tem uma reação". Virei repentinamente, e já vendo o sujeito se afastando, chamo por ele, o filho da puta olha, e nem dá tempo direito de regalar os olhos. Deixo minha marca um pouco acima do nariz. Morte instantânea. Fico de joelhos e caio para trás. Termino meu dia caído de costas no chão. O filho da puta termina com a boca em cima do meu pau. Filho da puta de merda, até pra morrer tem que ser filho da puta!

terça-feira, 18 de março de 2008

trabalho

Acordei com sono. Tava cansado do dia anterior, e a noite não tinha valido de nada. Tava de saco cheio dessa cama velha que rangia com qualquer movimento que eu fizesse. E o colchão nem se fala. Uma porra que era mais dura do que se eu botasse um lençol em cima da cama. Pensando bem, na próxima noite, farei isso. Porra. acordei sem nenhuma paciência. Peguei a garrafa de rum que fica na minha cabeceira, e já botei pra dentro. Se foder! Vou ter que trabalhar o dia todo. Botei uma bermuda, sapato, camisa e fui pro ponto. Inferno de calor do caralho. Havia 10 minutos que tinha saído de casa e já tava suado feito o cão. Subi no ônibus, aquela merda lotada da porra. O único alívio nisso é poder passar a mão na bunda das garotinhas indo pro colégio. Fora isso é ficar sentindo um macho atrás de você. Porra! Com tanta mulher dando sopa dentro da merda do ônibus eu tenho que esbarrar justo num viado, que fica roçando em mim? Vai se fuder! ficando puto já, e nem dez horas da manhã são. Pra piorar, nego decide bater com a porra do carro na avenida. Tudo parado. Porra! Vou perder meu trabalho desse jeito. Que merda. Vontade de descer desse ônibus e pegar os motoristas que bateram, e se não morreram, matar logo os dois. Pro inferno esses filhos da puta, porra! puto! Literalmente puto! " irmão, vai continuar roçando essa merda pequena ae?" Falo me virando pra trás com a minha pistola já na mão. O viado fica sem reação com uma cara que porra, só vendo. "Agora resolveu assumir que é bixa?" Fiquei olhando praquela mulherzinha de barba. "Abre as pernas!" Ela abriu. Ui! "Abaixa a calça e me mostra esse pau pequeno !" Ela ia obedecendo. "Tu é um merda. Fica com medo de uma arma de brinquedo!" Quando falo isso, ele esboça uam reação, e é nesse momento que eu disparo contra aquele pedaço de carne que ficava roçando em mim. "Filho da puta! Acredita em tudo que te falam?" Os outros passageiros ficam calado, e só se ouve o som da bixa gritando de dor. Eu abro espaço no ônibus e desço. Cadê a porra dos carros?. Nem barulho de sirene eu ouço. Porra, essa merda deve ser muito longe. Botei a pistola na cintura e fui andando. Que porra de dia. Vai tomar no cu! Vou andando entre os carros mermo. A rua foi feita pros carros andarem. Se eles tão parados, então não é rua. Foda-se! Vou andando tranquilo, embora puto. Quando vem a porra de uma moto na minha direção. Sorte do maluco porque conseguiu frear. Caso contrário, viraria defunto. Mas resolveu reclamar. Isso é chato demais. Nego pega uma moto com motor de cortador de grama, e acha que pode sair metendo bronca em tudo que é canto. Acha que faz parte de gangue e o caralho. "Vai pro inferno com uma porra dessas!" Foi o que pude dizer antes de meter uns tiros no tórax do malandrão. Aproveitei que ele já não tinha mais condições de pilotar a moto. Peguei ela pra mim, emprestada, diga-se de passagem. Pedi o endereço do cara, antes de ligar chamando a ambulância. O cara provavelmente tava tão puto com o trânsito quanto eu, indo pro trabalho. Mas se fodeu! Só! Porra bixo, o trânsito é gigantesco. Andei pra caralho e a porra do acidente não me aparece. Penso isso e me deparo com meia dúzia de carros semi-fundidos. O bagulho foi feio. Mas dos seis motoristas, três já tiveram êxito letal. Me restam três. Tem muita gente olhando a situação. E eu puto. Chego junto também. Tiro a pistola da cintura e dou um tiro na testa de cada um. "Ninguém merece nego que não sabe dirigir." Subo de novo na moto, com todos os bisbilhoteiros, atônitos. E sigo rumo ao trabalho. Entrando na minha sala, batem a porta "O que você tá fazendo aqui?"; "trabalhando, porra!"; "Mas hoje é sua folga, seu merda."

sábado, 5 de janeiro de 2008

nem faço questão

Eu fecho os olhos pra não ver, mas o que está dentro de mim, assusta ainda mais, me consome, me faz pensar que seria melhor não pensar. A luz que vem de fora e marca minha visão, dando formas na escuridão. Os vasos pulsando, o sangue me deixando tonto, essa posição não me é favorável. Minha mente, meu corpo, conexões desconexas me fazem falhar. Isso é tudo o que posso fazer, não exija muito de mim, minha capacidade é incapaz de confirmar a sanidade da minha mente, ou do momento. A confusão que se instala mostra que nada é rígido, exceto o fim. O fim que me faz ter vontade de olhar para dentro de meu corpo, mas não vejo nada, apenas a escuridão. Ou seria isso o que há em mim, apenas escuridão? Um nada? Não sei, nem faço questão. Estando morto ou vivo, a escuridão que eu vejo, não é a mesma que você. O encontro que tenho comigo, jamais será o mesmo que o seu. Abrir os olhos é irritante, até um pouco constrangedor, me sinto nu. Tudo que penso transborda pelos olhos, todos vêem, todos sentem. Que merda! A claridade das pessoas me incomodam, me faz ter vontade de fechar os olhos novamente e me enfiar em minha própria escuridão.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

o fim

O dia acabou de cair, eu chego do trabalho, literalmente morto, deitado num colchão confirtável. Vou seguindo de motorista até meu destino final. Passando perto do portão, ouço choros, soluços, e pessoas gritando, tento ver o que está acontecendo, mas não consigo, não consigo me mexer. O carro vai reduzindo a velocidade. Agora é pouco o som que ouço. Desço do carro com ajuda das pessoas, e fico alí, contemplando o que seria aquele céu azul, os pássaros voando, poucas nuvens no horizonte, e uma temperatura agradável. Gostaria de poder ver tudo isso, mas só vejo o preto. As imagens ficam em minha imaginação. Queria também poder sentir a brisa bater, sentir o sol queimando minha pele, mas já não sinto muita coisa...
Faz um tempo que estou aqui. Não sei se algumas horas, ou vários dias. Perdi a noção de tempo, mas não a de espaço.. como já disse, hoje sinto pouca coisa, e o pouco que sinto, são so vermes invadindo meu corpo, entrando pela minha boca, pelo meu nariz, fazendo de mim, a refeição da vez. Esse é o meu fim, morri salvando uma pessoa, e tenho o mesmo fim daquele que me matou.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Calor

A mente é revoltada, os olhos cerrados. Os punhos cheio de cicatrizes mostram que ele não veio prá cá de sacanagem, ele quer confusão e de alguma forma vai consegui-la. A polícia já por passou aqui tem algum tempo, e não deve voltar mais hoje, por isso ele se sente tão a vontade. O dono do bar já se preocupa, liga que nem um louco para o 190, mas não escuta nada além de uma gravação de merda. As duas putas na mesa virada para a rua, de pernas abertas estão tentando atrair alguns clientes da construção que tá sendo feita um quarteirão abaixo da rua. Decadente, esse lugar, com piranhas se oferecendo pros peões, em troca de uns trocados para poderem almoçar no outro dia. Uns traficantes ficam do outro lado da esquina onde fica o bar, e quando chegam jovens atrás de diversão, entram num terreno baldio, ao lado de um prédio vermelho-batom, caindo aos pedaços. Comprar drogas por aqui se transformou num lance tão banal, que se tu quiser uma entrega delivery, é só ligar pro delegado da região. Ninguém faz questão de esconder de ninguém. A garçonete com aquela minissaia branca, que já está com um marrom de gordura faz pelo menos uns cinco meses, parece uma cadela no cio perto dos garotos que chegam. A filha do dono do bar, fica na janela da casa em cima do bar, com um decote gigante, de tecido branco, respingado de água que ela faz questão de jogar na cara e no decote pra se refrescar do calor sufocante. Todo mundo ali no bairro se esvaindo em suor. A pele gosmenta, as roupas colando, e um bafo quente que faz arder os olhos. Acabara de cair uma chuva fina que deixa o calor ainda mais insuportável. O cheiro de asfalto molhado entrando pelas narinas e incomodando mortalmente quem tenta alí viver. Costumo dizer que todos alí já estão mortos, porque é o próprio inferno. A mulher do dono do bar tenta, sem sucesso fazer o ventilador voltar a funcionar. Malandro dentro do boteco já começa a ficar puto com o cheiro do cigarro, misturado com o forte odor de suor exalado pelos corpos úmidos. E as mãos dele estão ficando nervosas, tremem como se ele tivesse mal de parkinson. A agonia é grande, e o motivo, o destino já lhe fez o favor de dar. Põe a mão na cintura, confere as duas pistolas que carrega, olha ao redor, todos estão mais preocupados em dissipar o calor do corpo que nem ligam com aquele homem com duas pistolas nas mãos. Bebe mais uma dose de whisky pra terminar a garrafa, põe o dinheiro da conta na mesa, e dá dois tiros na cabeça, um de cada lado. O calor aumenta, as pessoas olham pro corpo no chão, depois voltam-se para o que estavam a fazer. O mulher do dono do bar pega um balde e uma vassoura, para limpar o chão, enquanto seu marido arrasta o corpo para trás do balcão, e com uma peixeira, esquarteja o suicida. Depois coloca suas partes num saco de lixo, que sua filha leva para fora.