sexta-feira, 17 de abril de 2009

Matando

Adormeci gigante. O maior de todos os homens. Cortes em minhas costas mostram o que todos os homens desejam. Lutar e. Vencer. Não vou agora dormir em remorso dos que matei. E não vou agonizar em um hospital se conseguir dormir por tanta dor, e pelo ódio de ter me dado mal. Eu sobrevivi. Quanto ao resto. É o resto. Cicatrizes fecham. Sangue estanca. Sabão lava. A vida corre assim. Outras pessoas correm de mim. Mas eu corro mais. Porque há também sempre alguem correndo atrás de mim. É preciso limpar o caminho. Criar o sedimento. Fortalecer o solo. O mesmo por onde meus inimigos irão passar. Mas os corpos de minhas vítimas se unem ao de tantos outros como eu. Que seguem caminhos distintos. Tentando confundir nossos predadores. Lembro-me de certa vez encontrar um velho. Que algum tempo depois viria a estar em meu percurso. O coitado já havia carregado mais de mil nas costas. Tinha habilidade fora do comum. Mas mesmo assim não era considerado ninguém. Nem mesmo a polícia tinha respeito pelo velho. O cara só bebia e quando brigava, eram só facadas e garrafadas. Nada além. Assassino barato. Missões difíceis. Mas bem sujas. Ninguém ligava pro sujeito. Nem mesmo as putas que ele pagava caro pra não ter nada. Mas era um bom sujeito. Principalmente depois de ter a cabeça esmagada pelo meu sapato. Depois pude perceber como acontece as coisas. A vida não muda. Este ciclo segue. E sempre vai seguir. Eu vou matando. Matando. Matando. E matando. Mas quando eu estiver fraco. Serei eu. O morto. Não há chance de escapar. Mesmo se pertencesse à uma máfia. Ou coisa do tipo. Morreria por algum motim. Não peço mais nada da vida. Estou bem assim. Dormi bem. Esse dia foi meu. Então durmo tranquilo. Hoje. Vou acordar. Mas não sei. Se voltarei. À dormir.

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